sexta-feira, 2 de julho de 2010

Carga Secreta

. Eu trabalho da seguinte maneira: fazer entregas. Mas não é só isso. Nesse meu tipo de serviço, as regras são claras: Sem nomes e sem descrição da carga, apenas entregar a encomenda e receber a grana.


. Faço até entregas bem longe. Moro no bairro Cidade Náutica, em São Vicente, e já tive clientes até em Pedro De Toledo e Ubatuba. Enfim, atendo toda a Baixada Santista. E trabalho até pra bandidos e traficantes. Não posso fazer nada, eu preciso do meu "ganha-pão".

. Dessa vez, o meu cliente é da área mesmo. Mora na rua de trás. Vou até lá. É um cara junto com uma turma de homens e mulheres. O que é? Uma galera da faculdade? Ou uma corja? Bom, não me interessa. Todos eles moram juntos na casa.

. A turma sinistra me entrega uma mochila larga e enorme. Não é muito pesada, dá pra carregar sozinho. Ainda bem que cabe no porta-malas.

. Já deixo bem-claro: Sem saber o nome do outro e não interessa saber o que tem aí e o motivo da entrega. Apenas apertos de mão e me dar o destinatário.

. A carga já está no porta-malas. Entro no meu carro e sigo adiante. O endereço é em Cubatão, pertinho da Rodovia Anchieta.

. Chegando lá, a casa é um barraco de madeira, como as outras. Bato palmas, pois não tem campainha. Um homem sai da casa e explico que chegou uma encomenda. Primeiro, dou-lhe um envelope com um bilhete, onde está escrito o remetente e sobre a entrega. O moço ri, mas aquela risada de mau-caráter. Ele fica tão ansioso para ver a mala. Já eu, fico espantado.

. Meu Deus! O que vejo?

. Uma mulher linda... E... Em pedaços!?

. Tamanha crueldade. É uma mulher adulta, mas mesmo assim é de dar pena. Esse cara aí mandou aqueles psicopatas (com certeza são) fazer o serviço. Mas por quê? Agora, o que eu não entendo, como é que alguém vai guardar um ser humano despedaçado na própria casa? Usar? Pra quê? Tamanha insanidade me despertou curiosidade. Mas o filho-da-puta diz que não é da minha conta, que estou aqui apenas pra fazer o meu trabalho.

. O infeliz pega o seu celular e conversa com um tal de Cerol. Pelo que eu sei, cerol é uma linha usada pra soltar pipas. O uso do cerol na brincadeira é pra cortar a pipa dos adversários. Ei! Esse tal de Cerol é o meu cliente.

. De repente, eu vejo uma pistola 380 prateada em cima da televisão. Enquanto o desgraçado fala ao telefone, pego a arma disfarçadamente, miro na cabeça e... Tchau!

. Mexo nos bolsos da calça do moribundo e retiro uma grande quantidade de dinheiro. Sinto-me maravilhoso por causa da quantia. Depois, entro no meu carro e saio de lá. Volto pra Náutica.

. De novo, o meu encontro com aquele grupo de psicopatas.

._ Aê, malandragem! Esse cara aí viu a carga!

. Vi sim, e daí. Só falta saber o motivo daquele assassinato brutal, mas ninguém quer falar. E agora, essa galera se junta pra me dar uma surra. Podem vir. Eu os detono na porrada, pois eu sou praticante de muay-thai. Pego o revólver de um deles e os mato, por legítima defesa. Também sou bom em tiro.

. Só sobra um. Uma mulher. Essa fica com medo e foge. Eu viro as costas e saio andando até minha casa, pois eu nem preciso dizer que o dinheiro é meu e cem por cento. De repente, eu viro e atiro naquela vadia, pois eu percebi que ela ia me fazer o mesmo.

.Chega sábado à noite. Agora é só paz e diversão. Estou em um baile-funk dançando ao lado da galera e vendo a mulherada rebolar. De repente, eu conheço uma mulher e nós dois começamos a nos flertar.

. Horas depois do baile, estou com ela em um motel. O romance casual é nota dez. Agora, não posso me envolver seriamente com ninguém, por causa da minha profissão de alto-risco.

. Ao meio-dia, deixo a beldade em sua casa. Eu e ela nos despedimos com beijo de língua.

. Antes de ligar o meu carro, o celular toca.

. Vamos ao trabalho! Mais alguém precisando de um “transportador”.

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