domingo, 11 de julho de 2010

O Vizinho

. Estou aqui de boa na minha casa. Moro sozinho, mas consigo muito bem pagar minhas contas, embora algumas estejam atrasadas. Mas todo brasileiro deve. Mulher? Ah! Meu negócio é um flerte aqui, um flerte ali... Até eu encontrar o amor da minha vida.

. Na casa ao lado, mora um garoto de oito anos e um velho. Deve ser avô. Mudei-me pra cá semana passada. Santos é uma ótima cidade.

. Eu sempre ouço berros daquele velho, sua ira contra o garoto. Meu Deus! Será que esse pivete é tão bagunceiro assim? Sem contar que, eu já vi o avô dando-lhe uma surra. Ocorria tudo naquela casa. Pensei em me meter, mas sei lá.

. Um dia, volto do trabalho e, vejo aquele garoto sentado na calçada da nossa rua. Ele me cumprimenta e eu faço o mesmo. Nós já nos conhecemos de vista, mesmo sem nenhuma ideia pra trocar. Mas quem sabe futuramente?

. Pergunto o motivo de tantos maus-tratos. Eu achei que ele ia me responder que não é da minha conta. Mas, ele resolve se abrir. O avô não tem a menor paciência em cuidar de criança e está com a guarda do neto por obrigação. Sem contar que o velho nunca foi com a cara do genro. Não queria nem que sua filha tivesse filhos com o cara. A mulher havia falecido junto com o marido. É um velho rabugento. Olho nos olhos do garoto e vejo que está falando a verdade. Ele já levou uma surra só porque tirou notas baixas na escola. Decidi fazer alguma coisa. Esse moleque está vivendo no inferno.

. De repente, o velho maldito aparece, zangado só porque o menino está de papo com adulto estranho, no caso eu. Imediatamente, eu impeço o desgraçado de bater no garoto. Aí sobra pra mim, o infeliz me aplica um soco na cara. Ah! Não vou deixar barato. Imediatamente, dou-lhe uma senhora surra e deixo-o estatelado no chão. Ainda sou jovem e também sou mais forte que ele.

. O menino de oito anos agradece. Moro sozinho mesmo, decidi abrigá-lo.

. Os dias vão passando e, percebo que ele é uma benção. Somos grandes amigos. Às vezes, ele apronta na escola. Mas fazer o quê? É uma criança. Eu também era bagunceiro na minha infância, e na adolescência também. Resolvo essas coisas na conversa. Já me sinto pai do menino. E ele me chama de pai, de vez em quando.

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