domingo, 3 de outubro de 2010

Deixe Ela Em Paz!

. Estou na faculdade. Agora, na hora do intervalo trocando ideia com alguns amigos. Nessa "roda" aqui tem duas minas e quatro homens (além de mim). Uma das mulheres trabalha como enfermeira e é apaixonada pela profissão. Ela tem uma paciente que perdeu o movimento das pernas e dos braços, sem contar que ela é muda. A enfermeira cuida dela com muito amor e carinho. Essa moça que trabalha como enfermeira está na faculdade certa, cursando Enfermagem e prestes a se formar (está no último semestre). Ela é melhor amiga de uma que estuda na minha classe. As duas são gatas. Eu e meus colegas aqui estamos no terceiro semestre de Artes Plásticas. Eu amo esse curso e todo mundo acha que eu faço desenhos maravilhosos.



. Essa enfermeira tem um problema. Aliás, o problema é de sua adorável paciente. Esta permanece triste e deprimida por vários dias, e às vezes chora. É uma moça tão bonita, diz ela. Já é uma adulta, mas mesmo assim dá pena. E o que é pior, minha nova amiga não consegue identificar o problema, simplesmente porque a paciente é muda e sem movimentos. Antes, ela ficava triste pelo seu estado. Depois, começou a ficar feliz porque essa enfermeira é um amor de pessoa. Mas depois, sua tristeza aumentou e muito. Agora, não é por causa da perda dos movimentos. E quando a enfermeira vai embora, o choro é maior, parece uma criança carente.

. Meu Deus! Olho nos olhos dela e a ouço contar. Fico sentido pra caramba. O pessoal da roda diz que, tem que descobrir o mais rápido possível. Uns falam até que, um estuprador invade a sala de madrugada.



. No dia seguinte, saio do trabalho e vou direto ao hospital onde Marcela trabalha. Ainda está cedo pra ir à faculdade. Ela me mostra a tal paciente, que permanece deitada na cama. É uma mulher linda e atraente, tão gata quanto a enfermeira. Permanece na cama; e seu semblante, muito triste e com os olhos vermelhos de tanto chorar. Marcela abraça e dá beijos na paciente. Eu a cumprimento e digo que vou ajudar. E vou mesmo. De repente, eu vejo uma queimadura de cigarro em uma de suas mãos. Deve ser marca de cigarro isso aí. Já está quase despertando o dragão em mim. Quase não! Já despertou! Tem razão, agora não e por causa do acidente.



. Minha amiga enfermeira se mostra muito grata a mim, porque eu quero ajudar. Mas, Marcela pensa em chamar a polícia. Nada disso! Se o agressor descobre que a polícia está aqui, jamais aparecerá novamente. E aí? Como ele vai ser capturado?



. Eu vou pegar esse filho-da-puta. Como é que ele tem coragem de agredir uma bela mulher nesse estado? Se não é agressão, o que é?



. Meia-noite. Chego naquele hospital. Eu tenho que acordar cedo pra ir trabalhar mas, dane-se, eu me viro. Eu disse a minha mãe que eu vou sair com uma amiga, mas eu volto logo. Carrego duas pistolas com munições (é lógico), pra usar em legítima defesa.



. Eu entro e vou até o sexto andar.



. Chegando lá, antes de entrar na sala, um vigilante me questiona. Calma aí, sangue-bom! Eu explico a situação e nós dois vamos andando até a sala 604. O vigilante ainda me ameaça se eu estiver mentindo. Não tenho certeza se é um maníaco sexual, mas eu quero investigar.



. Chegamos até a porta da sala. O vigia quer invadir, mas eu peço pra ele esperar e ir ao meu sinal. Peço também pra que ele confie em mim.

. Agora, eu olho pelo buraco da fechadura.



. O QUÊ? UMA.... MULHER!? Mas espera aí. Será que é uma lésbica que ataca mulheres?



. Não é nada disso que estou pensando. Pelo que eu vejo é crime de maus-tratos. A tal mulher, tão gata quanto a vítima, acende um cigarro e queima a coxa da internada, que chora muito de dor mesmo muda. Depois, queima a barriga. A coitada tenta implorar, mas não adianta. A bandidona se diverte e fica cuspindo no rosto da paciente, além de ofendê-la com vários nomes de baixo-calão. Coitada dessa paciente, que se debulha em lágrimas, está vivendo um inferno nas mãos dessa louca.



. Já pego o revólver. Derrubo a porta com um chute e rendo a criminosa, que logo se assusta e sai de perto da paciente. Agora já era, essa vadia vai pagar pelo que fez. E ainda tem a cara-de-pau de confessar que, seu maior passatempo é espancar, torturar e maltratar mulheres paraplégicas, em coma ou até mesmo amarradas; quer dizer, imobilizadas de alguma forma. Só por prazer mesmo. Que é isso? Essa mulher é louca! É doente! O que se passa na cabeça de uma pessoa assim? Só pode ser fetiche. A desgraçada é bastante esperta e conseguia invadir a sala sem ninguém perceber. Ela espancava, cuspia, xingava, queimava com cigarro, esfregava os pés descalços e sujos em sua boca... Fazia o diabo a quatro com a internada, sendo que ela nem consegue reagir.



. Enquanto o vigilante usa o celular para chamar a policia, eu vou até a paciente que continua chorando e dou-lhe um abraço, dizendo que agora acabou. Ela olha pra mim e sorri, e faço o mesmo. O vigia continua rendendo a beldade do mal. Mas, esta avança sobre ele, tentando arrancar a pistola, que dispara no teto. Os dois brigam. Ela o derruba com um chute de sola no estômago, e com a arma na mão, at... Antes dela atirar no meu colega, eu já lhe acerto um tiro na cabeça, e sem dó, pra matá-la de vez. A paciente se assusta mas, fica feliz da vida. Eu e o vigilante também.
 
 
2010 by Jorge Antonio

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